Especialistas dão dicas de como fortalecer os laços familiares e promover o desenvolvimento emocional e cognitivo das crianças
As férias escolares estão chegando e sempre são uma oportunidade valiosa para pais e filhos se conectarem e reforçarem os laços familiares. Em um mundo onde a rotina é frequentemente marcada por reuniões, compromissos e o estresse, encontrar tempo para fazer atividades com os filhos pode ser desafiador, mas é essencial para o bem-estar emocional de todos e, sobretudo, para o desenvolvimento das crianças. É o que dizem os professores Rafael Valêncio, pedagogo e coordenador de Psicologia na Estácio de Vila Velha, no Espírito Santo, e Augusto Charan, mestre em música, doutor em educação e professor do curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro Universitário Estácio de Brasília.
O envolvimento dos pais nas atividades dos filhos pode resultar em melhorias significativas no desenvolvimento emocional e social das crianças. De acordo com uma pesquisa da American Psychological Association, crianças que participam de atividades em família durante as férias tendem a demonstrar maior autoestima e habilidades sociais. “Atividades ao ar livre, como piqueniques e caminhadas, não apenas promovem a saúde física, mas também criam um ambiente propício para o fortalecimento dos laços familiares”, afirma Rafael Valêncio.
Além das atividades ao ar livre, outra maneira eficaz de promover o desenvolvimento das crianças é por meio da arte. A participação em projetos criativos, como pintura e modelagem, contribui para a expressão artística e fortalece a comunicação e o entendimento mútuo entre pais e filhos. Neste ramo, o professor Augusto Charan destaca a importância de proporcionar às crianças experiências que envolvam arte, música e movimento corporal, com foco na psicomotricidade, que integra o desenvolvimento cognitivo e físico. Ele enfatiza que não devemos ver a criança de forma dual, separando mente e corpo, mas sim como um ser integral, onde afeto e intelecto estão interligados.
“A música, por exemplo, é uma excelente ferramenta para promover a interação. É muito importante que a criança tenha contato com a arte, com a música, com ambientes que ela possa também ter a movimentação corporal. É um ramo da pedagogia que vai estudar mais a questão da psicomotricidade, quer dizer, a ênfase no corpo e no movimento, porque é nessa ênfase que a parte cognitiva da criança pode se desenvolver e não devemos enxergar a criança como um ser separado de mente e corpo. Ela é integral e afetividade e a intelectualidade estão unidas. Nesse momento de férias escolares, os pais podem, e na verdade, até devem atuar mais com as crianças, propor ambientes que elas possam interagir, brincar com outras crianças e também possibilitar o contato com a cultura em sentido amplo, como teatros, shows de música e brinquedotecas”, conclui Charan.
Outra prática altamente recomendada e eficaz é a leitura compartilhada, onde crianças que leem com seus pais têm mais chances de desenvolver habilidades de linguagem avançadas e criam maior interesse por livros. “Ler juntos não só estimula a imaginação, mas também fortalece o vínculo emocional, criando um ambiente acolhedor e seguro para as crianças”, complementa Valêncio.
Além das atividades já mencionadas, explorar a natureza pode ser uma maneira poderosa de aprender e se divertir. Visitas a parques, trilhas ou até mesmo o cultivo de uma pequena horta em casa podem proporcionar ensinamentos sobre o meio ambiente e promover um estilo de vida saudável. Essas experiências ao ar livre ajudam a aliviar o estresse e a ansiedade, tanto para crianças quanto para adultos.
As férias não são apenas um momento de lazer e nem precisam ser repletas de atividades planejadas. O simples fato de passar tempo juntos, sem pressões, já pode ser suficiente para recarregar as energias e renovar as conexões familiares. É a oportunidade perfeita para pais e filhos aprenderem juntos e construírem memórias duradouras. “Essas atividades proporcionam um espaço para diálogo e afeto, fundamentais para o desenvolvimento emocional saudável das crianças”, finaliza Valêncio.
